Após as ações de energia sofrerem quedas bruscas durante a semana devido
às medidas do governo no setor, grupos que atuam em outras áreas de
infraestrutura tiveram seus papéis "contaminados" e também registraram
baixas significativas. Os investidores passaram a temer que novas
intervenções do governo possam ocorrer em outras atividades - como
rodovias, saneamento e terminais portuários -, o que derrubou o valor de
mercado de companhias como CCR, Sabesp, ALL e Santos Brasil.
A CCR, que tem a concessão de 2,4 mil quilômetros de rodovias, sofreu uma desvalorização de 8,75% no pregão de ontem. A EcoRodovias, que atua no mesmo mercado, fechou com baixa de 3,71%. O pessimismo afetou até os papéis da OHL Brasil (também concessionária de estradas), que estão às vésperas de serem beneficiados pela oferta de compra de um grupo espanhol. A desvalorização foi de 5,96%.
O banco britânico Barclays divulgou relatório tentando diminuir o receio de clientes. Os analistas da instituição Daniel Spilberg, Felipe Vinagre e Guilherme Vilazante ressaltam que os setores (elétrico e rodovias) são distintos. Lembram que as concessões de estradas geralmente expiram sem necessidade de compensação por não depreciação.
Para o analista Brian Moretti, da Planner-Prosper, se o governo mexesse nas tarifas de rodovias antes de o prazo de concessão acabar, automaticamente teria que compensar a concessionária de alguma forma, para manter o equilíbrio econômico-financeiro.
Mesmo considerando altas as remunerações de concessões feitas nos anos 90, que estão para vencer, o governo já admitiu que retornos menores só seriam negociados em aditivos contratuais, ou seja, somente em investimentos não previstos nos contratos originais.
Os analistas lembram ainda que o governo acaba de anunciar novas concessões, o que irá gerar mais oportunidades para o setor.
A América Latina Logística (ALL), de ferrovias, registrou ontem queda de 3,68%. Ela sofreu durante toda a semana, após o governo revisar as tarifas-teto de transporte, cortando os valores em 25%, em média. No ano, a ALL acumula desvalorização de 9,1%.
No caso das companhias de saneamento, o analista Alexandre Montes, da Lopes Filho & Associados, diz que o movimento foi um "tremendo exagero". A Sabesp caiu 6,58% e a Copasa desvalorizou 9,43%. "A chance de o setor lidar com uma regulação extremamente dura como a anunciada para o setor elétrico é tão remota que não faz sentido neste momento".
Ele ressalta que a legislação de saneamento ocorre em nível estadual e Sabesp e Copasa estão sob a tutela do PSDB. "O PT e o PSDB têm visões muito diferentes e não necessariamente elas vão convergir. O governo pode, de toda forma, mudar e, eventualmente, o novo governador pode seguir a linha adotada para o setor elétrico", diz. Outra possibilidade, considerada remota, é o governo federal editar uma nova lei do saneamento.
"Não acho que setor seja tão estratégico. O governo baixou as tarifas do setor elétrico porque a energia é um insumo extremamente importante. Era fundamental reduzir os custos. Mas qual seria o impacto de reduzir o custo de água nesse contexto? Quase nenhum", afirma o analista.
Fonte: Valor / Fábio Pupo, Beatriz Cutait e Téo Takar
A CCR, que tem a concessão de 2,4 mil quilômetros de rodovias, sofreu uma desvalorização de 8,75% no pregão de ontem. A EcoRodovias, que atua no mesmo mercado, fechou com baixa de 3,71%. O pessimismo afetou até os papéis da OHL Brasil (também concessionária de estradas), que estão às vésperas de serem beneficiados pela oferta de compra de um grupo espanhol. A desvalorização foi de 5,96%.
O banco britânico Barclays divulgou relatório tentando diminuir o receio de clientes. Os analistas da instituição Daniel Spilberg, Felipe Vinagre e Guilherme Vilazante ressaltam que os setores (elétrico e rodovias) são distintos. Lembram que as concessões de estradas geralmente expiram sem necessidade de compensação por não depreciação.
Para o analista Brian Moretti, da Planner-Prosper, se o governo mexesse nas tarifas de rodovias antes de o prazo de concessão acabar, automaticamente teria que compensar a concessionária de alguma forma, para manter o equilíbrio econômico-financeiro.
Mesmo considerando altas as remunerações de concessões feitas nos anos 90, que estão para vencer, o governo já admitiu que retornos menores só seriam negociados em aditivos contratuais, ou seja, somente em investimentos não previstos nos contratos originais.
Os analistas lembram ainda que o governo acaba de anunciar novas concessões, o que irá gerar mais oportunidades para o setor.
A América Latina Logística (ALL), de ferrovias, registrou ontem queda de 3,68%. Ela sofreu durante toda a semana, após o governo revisar as tarifas-teto de transporte, cortando os valores em 25%, em média. No ano, a ALL acumula desvalorização de 9,1%.
No caso das companhias de saneamento, o analista Alexandre Montes, da Lopes Filho & Associados, diz que o movimento foi um "tremendo exagero". A Sabesp caiu 6,58% e a Copasa desvalorizou 9,43%. "A chance de o setor lidar com uma regulação extremamente dura como a anunciada para o setor elétrico é tão remota que não faz sentido neste momento".
Ele ressalta que a legislação de saneamento ocorre em nível estadual e Sabesp e Copasa estão sob a tutela do PSDB. "O PT e o PSDB têm visões muito diferentes e não necessariamente elas vão convergir. O governo pode, de toda forma, mudar e, eventualmente, o novo governador pode seguir a linha adotada para o setor elétrico", diz. Outra possibilidade, considerada remota, é o governo federal editar uma nova lei do saneamento.
"Não acho que setor seja tão estratégico. O governo baixou as tarifas do setor elétrico porque a energia é um insumo extremamente importante. Era fundamental reduzir os custos. Mas qual seria o impacto de reduzir o custo de água nesse contexto? Quase nenhum", afirma o analista.
Fonte: Valor / Fábio Pupo, Beatriz Cutait e Téo Takar
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