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GÁS NÃO CONVENCIONAL – Discussões sobre suas vantagens.

Fonte: Conteúdo Empresarial – Comunicação Integrada — publicada no site Gasnet

Experiências na Argentina, Chile, Uruguai e Brasil são comparadas por especialistas da iniciativa pública e privada, elencando a potencialidade do shale gas e do GNL
No segundo e último dia da 11ª edição do Gas Summit Latin America, temas como o gás não-convencional, conhecido como shale gas, os terminais de GNL (Gás Natural Liquefeito), o gás do pré-sal e o biogás no continente completaram o programa da conferência. Este ano o evento reuniu 120 especialistas, empresários e autoridades do setor de vários países do continente.
O diretor da TNS Latam, Fernando Meiter, traçou um panorama do setor na Argentina. Segundo ele, 60% da matriz energética local são de gás natural, considerados o consumo residencial, o industrial e o consumo de usinas térmicas. “Pela falta de segurança para os negócios experimentada hoje na Argentina, a maioria dos players do setor de gás retirou-se do mercado argentino, que hoje está constituído por empresas próximas ao governo local”, lamentou. Meiter disse que a Argentina nunca teve um plano energético a longo prazo e substituiu essa carência com importação da Bolívia, da Venezuela “o que criou um problema sério para o país. Precisamos urgentemente de um choque de investimentos”, completou.
Na sequência, o chefe da divisão de Segurança e Mercado de Não-Covencional do Ministério de Energia do Chile, José Antonio Ruiz Fernandez, deu detalhes sobre o contexto de Magalhães e sobre o desafio da distribuição para a população local. “O país está envolvido em projetos de exploração e produção de gás não natural e o processo está avançado a ponto de haver produção suficiente para atender parte da demanda chilena”, disse ele, acrescentando que o desafio é diminuir o custo de produção. “Como ministério, estamos fomentando a participação de novas empresas interessadas na exploração de gás não-convencional e revisando o potencial do gás não convencional em áreas não licitadas”, antecipou, adicionando que é consenso no ministério a necessidade de, a médio prazo, promover mais licitações que favoreçam o desenvolvimento do setor e melhorar o abastecimento e distribuição.
Futuro Shale Gas
O especialista e assessor de diretoria da ANP (Agência Natural do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), Olavo Colela Junior, iniciou as discussões do painel “Qual o Futuro do Shale Gas Brasileiro?”. O setor ainda tem muitos questionamentos em relação à exploração do gás não-convencional, mas o potencial de produção é inegável. Segundo ele, estima-se que exista no Brasil 7,5 milhões de km² com alto potencial, mas muitas ainda sem trabalho de exploração.
“Mesmo com crescimento de 8% ao ano ainda é preciso apostar em novas rodadas para atrair investimentos. A ideia principal é recompor o potencial exploratório. As três últimas rodadas cobriram cerca de 100 mil km² e, hoje mesmo, estão sendo assinados contratos de 72 blocos arrematados nas últimas rodadas”, apontou Colela, antes de falar sobre as peculiaridades da regulação dos processos exploratórios de acordo com nova resolução da Agência. “A ANP está atenta para atender às necessidades de adaptação do arcabouço regulatório, com ênfase na preservação ambiental”, concluiu.
O engenheiro da CEMIG, Anderson Flemming de Souza, apresentou a evolução das atividades na Bacia de São Francisco, iniciada em 2005. “Em 2013, fechamos com 31 blocos de exploração e cerca de 90 mil m² de área. Os trabalhos continuam com bons resultados, mas ainda demandam muitos investimentos”, iniciou. Segundo ele, atestar a viabilidade de uma bacia de nova fronteira demanda
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mais recursos e os dados apontam que somente 10% do montante que seria necessário foi aplicado na E&P na Bacia.
“Estamos pensando em iniciativas para agilizar o processo, organizando informações, mapeando os stakeholders e estabelecendo um mapa dinâmico (georeferenciado) para direcionar as ações, além de pensar em alternativas para captação de investimentos”, contou Souza, que arrematou “O tema é apaixonante e a forma de abordar o gás não-convencional precisa ser trabalhada para que se estabeleça uma dinâmica que atenda ao mercado”. A opinião foi ratificada por Olavo Colela durante o debate final: “É preciso haver um projeto econômico para fortalecer o shale gas”.
Terminais de GNL (Gás Natural Liquefeito)
A tarde começou com o painel “Novos Projetos para o Uso do GNL”, no qual o presidente da Gas Sayago, do Uruguai, Cesar Briozzo, apresentou o terminal de regaseificação na área de Punta Sayago, próximo a Montevidéu, reconhecido como o mais importante projeto do setor energético no país. “Uruguai está crescendo, mas a energia do país é na maioria gerada por petróleo e derivados, biomassa e hidráulica”, explicou Briozzo. Desenvolver o setor elétrico é uma demanda estratégica para o país, que pretende introduzir fontes de energia renováveis alimentadas a gás natural.
“Temos 800 MW de energia eólica contratados para 2015 com previsão para 1200 MW, além da biomassa”, apontou Briozzo, que ainda destacou que o “navio de regaseificação do projeto será um dos maiores do mundo quando pronto, com capacidade para armazenar 263 mil m³ e regaseificar cerca de 10 milhões de m³/dia”, concluiu.
O líder do projeto Enarsa PDV, Luis Bertenasco, continuou explicando o processo de pré-tratamento e liquefação do gás. “Como reduz aproximadamente 600 vezes o tamanho real, a opção pode diminuir substancialmente o frete e alcançar regiões onde não há gasodutos, além de poder ser convertido em combustível para caminhões e barcos”, disse. Na América Latina, Trindad & Tobago lidera a operação de regaseificação. Argentina tem dois terminais de GNL, Chile outros dois e Peru, um, enquanto o Brasil mantém três terminais: Pecém, Bahia e Baía de Guanabara, recém-inaugurado, todos operados pela Petrobras.
O analista para a América do Sul da Energy Industries Council (The EIC), Pietro Ferreira, adicionou informações sobre o perfil dos terminais de liquefação em operação e construção, que devem injetar mais de 41MMcm por dia de GNL na América do Sul. Especializada em oferecer serviços que auxiliem o entendimento, identificação e oportunidades de negócio em energia, a empresa inglesa está no país desde 2000.
Inovação
A chefe de departamento de Petróleo, Gás e Indústria Naval da FINEP (Agência Brasileira de Inovação), Cristiane Abreu, apresentou as oportunidades e instrumentos oferecidos pela Agência para incentivo às empresas, como o Plano Nova Empresa. “O setor de petróleo e gás está entre os setores estratégicos, com um montante de investimento já direcionado”, comentou.
Para ingressar no programa Inova Petro, é preciso acompanhar a divulgação de um edital e cumprir com os requisitos. A inscrição é feita por meio de uma carta de manifestação, em que as empresas apontam seus interesses e planejamento. “Ano passado recebemos 16 planos de negócios e 11 deles foram aprovados, já estando em fase de planejamento, com investimento estimado em R$ 353,6 milhões”, explicou Cristiane. Os instrumentos de apoio incluem crédito, subvenção econômica e instrumentos de renda variável e apoio da Petrobras.
Pré-sal
O gerente geral de Marketing da Área de Gás e Energia da Petrobras, Carlos Augusto Arentz Pereira, falou sob o tema “Aproveitamento Comercial do gás do Pré-Sal”. O programa de negócios prevê
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investimentos de produção e exploração de US$ 220,6 bilhões, entre 2014 e 2018. Deste montante, grande parte é para o pré-sal. “O pré-sal é essencialmente petróleo e o gás um co-produto dele”, destacou ao mostrar o fatiamento do investimento.
Arentz mostrou as plantas de tratamento do gás brasileiro, destacando que representa “US$ 5 bilhões em investimentos. É pouco, mas é um começo e há perspectivas de aumento”. A geração termelétrica chegará a 5,4 GW em 2025. “É muito importante ver que a oferta é ainda maior que a demanda. O grande mercado de gás no Brasil é o mercado industrial, cerca de 78% da demanda”, comentou o gerente geral. Sobre o GNL, ele destacou que o gás continuará sendo o último recurso para os países da América do Sul, porque ainda tem preço elevado e não é competitivo.
Biogás
Encerrando as atividades da 11ª edição do Gas Summit Latin America, o gerente de energia biorenováveis do CIBiogas (Centro Internacional de Biogás), Rodrigo Régis, mostrou aos participantes os projetos envolvendo o biogás na matriz energética nacional. “A vocação da região para o biogás é impulsionada pelo agronegócio”, disse. A proposta do centro abrange onze unidades de demonstração para energia de fonte renovável. “Quando utilizado como combustível veicular ele é mais vantajoso”, completou. O projeto prevê 35 quilômetros de gasodutos para distribuição aos clientes do biogás.
Impressões
Com um público extremamente qualificado, esta edição do Gas Summit Latin America chamou a atenção pelo intercâmbio de experiências.
“A iniciativa é inegavelmente relevante. É em conferências como estas que temas do cotidiano da indústria do gás podem ser expostos, analisados e discutidos, disse o diretor presidente da Compagas, Luciano Pizzatto. A opinião dele é compartilhada pelo diretor presidente da Copel Participações, Julio Jacob Junior. “Reunir os stakeholders do setor e de toda a cadeia é sempre muito importante porque é uma oportunidade de encontrar alternativas para os desafios que ainda enfrentamos com o gás no Brasil, como a baixa oferta e os custos altos”, ressaltou.
Para o diretor-presidente da Companhia de Gás de Santa Catarina (SCGas), Cosme Polese, “o país está aprendendo que o gás é uma poderosa ferramenta para abastecimento de energia. E o Gas Summit é essencial neste processo, já que o que está sendo discutido aqui reflete o momento do setor”, disse. O presidente da Panergy, Normando Paes, considerou muito proveitoso encontrar representantes reunidos em torno de assuntos apropriados ao público.
“Poder ouvir e conhecer como os governos dos países vizinhos, como a Bolívia, conduzem sua matriz energética é sempre um aprendizado. O Gas Summit cumpriu seu papel”, completou.
O diretor presidente da Bahiagás, Luiz Raimundo Gavazza, tinha interesse em ver como os Estados conduzem os investimentos do shale gas e gostou do que viu. “Tive a oportunidade de conversar com representantes do sul do país, onde o tema já está mais avançado, e foi bom poder acompanhar discussões sobre a questão ambiental, por exemplo. O evento foi fundamental para propiciar esta troca e networking e nos permite aprender mais e revisar ideias”, destacou.
“É o primeiro evento que participo que tem como foco a realidade da América Latina. Me surpreendi com o alto nível das discussões que pontuaram, com muita propriedade, a realidade de cada um dos países mencionados. Realmente, estou aprendendo muito com o conteúdo das palestras e com o intercâmbio que se dá em cada um dos intervalos”, declarou o presidente da Gas Sayago, do Uruguai, Cesar Briozzo.
Fonte: Conteúdo Empresarial – Comunicação Integrada — publicada no site Gasnet

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