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ISO 50001: norma internacional de gestão da energia


Brasil é um dos 37 países que trabalham na elaboração da norma, que visa estabelecer processos para melhorar o desempenho energético das empresas

Carolina Medeiros, para o Procel Info

A energia é um dos insumos que mais impactam no orçamento de uma empresa no Brasil ou no mundo, sendo necessário, portanto, que seu uso seja gerenciado. Foi pensando nisso que 37 países, incluindo o Brasil, resolveram se unir para elaborar a ISO 50001, uma norma internacional de gestão da energia. A secretaria executiva ficou a cargo do Brasil e Estados Unidos.

O objetivo da norma, de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), é permitir que as organizações estabeleçam os sistemas e processos necessários para melhorar de forma contínua o desempenho energético. A norma deve conduzir a reduções nos custos, nas emissões de gases do efeito estufa e outros impactos ambientais através da gestão sistemática da energia. Para Ubirajara Rocha Meira, diretor de Tecnologia da Eletrobrás e Secretário Executivo do Procel, a norma que está em processo de elaboração é uma das ferramentas que criará um novo paradigma para o uso eficiente de energia.

“Essa norma estabelece um padrão único para sistema de gestão de energia, facilitando as empresas que atuam em mais de um país. Além disso, ajuda no desenvolvimento da documentação de boas práticas do uso de energia”, afirmou Meira, durante o workshop “Participando da ISO 50001 – Uma ferramenta poderosa de Eficiência Energética”, patrocinado pela Eletrobrás, em parceria com a ABNT. O evento aconteceu na última terça-feira, dia 4 de agosto, no Rio de Janeiro, e acontecerá, no dia 11, em São Paulo.

De acordo com Eduardo Lima, da Gerência do Processo de Normalização da ABNT, a norma se encontra em estágio de "minuta de comitê", o que significa que ela ainda pode receber contribuições da sociedade para aprimoramento. Após essa etapa, a norma vai passar pelos estágios de consulta aos países membros, aprovação e publicação. “A previsão é de que a norma seja publicada no final de 2010 ou início de 2011”, estimou Lima.

Alberto Fossa, coordenador da Comissão de Estudo Especial de Gestão de Energia (ABNT/CEE-116), disse que esse é o momento em que a sociedade brasileira pode mais interferir na elaboração de norma internacional. Os interessados poderão enviar contribuições para a comissão até o dia 31 de agosto. “Essas contribuições serão analisadas e ajudarão na formatação do voto Brasil. A próxima reunião com os países membros está marcada para novembro, em Londres”, afirmou Fossa.

Segundo ele, em um primeiro momento, a ideia da ISO 50001 surgiu com foco na indústria. “Uma parte considerável da eficiência energética obtida na indústria pode ser realizada através de mudanças em como a energia é gerenciada. A forma como se gerencia a energia, às vezes, traz resultados muito melhores que a própria mudança tecnológica”, comentou. No entanto, posteriormente, decidiu-se extrapolar o universo industrial, fazendo com que a norma possa ser aplicada em todas as empresas independente do tamanho ou da atividade.

“Qualquer empresa que tenha consumo de energia poderá utilizar essa norma. No futuro, as empresas que a utilizarem podem ser certificadas”, disse Fossa. Segundo ele, a norma ainda traz maior disponibilidade de suprimento de energia, já que as empresas realizarão procedimentos que economizam o insumo; melhora a competitividade das organizações; e ainda traz um impacto positivo nas mudanças climáticas.

Ele disse ainda que essa ISO 50001 não é uma norma que vai especificar valores absolutos de redução de energia. “Isso poderia criar barreiras para algumas operações. Assim, a empresa é que vai gerenciar as evoluções na gestão da energia”, explicou. Para George Soares, assistente da diretoria de Tecnologia da Eletrobrás, as empresas precisam mapear o seu perfil energético para entender onde e como a energia está sendo usada, depois identificar oportunidades de melhorias, incluindo o uso de fontes alternativas ou renováveis. Para em seguida, estabelecer seus indicadores de desempenho, seus objetivos e metas com os planos de ação associados para alcançá-las. “As empresas precisam estabelecer metas, que devem ser ambiciosas, para que os funcionários se movimentem, mas ao mesmo tempo, devem ser realistas. Essas metas precisam ser específicas e mensuráveis”, comentou.

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