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A Carta de Tiago da Bíblia, a Teoria Econômica e o Modelo de Negócio Social: o que há em comum?

Hoje, como de costume, fui a missa na igreja de Nossa Senhora de Guadalupe em Foz do Iguaçu. Um padre jovem celebrou a missa, cujo nome não sabemos, mas, a liturgia de hoje foi no mínimo interessante. Vamos lá:

A seunda Leitura foi da Carta de Tiago 5,1-6

“ 1 E agora, vós ricos, chorai e pranteai, por causa das desgraças que vos sobrevirão. 2 As vossas riquezas estão apodrecidas, e as vossas vestes estão roídas pela traça.3 O vosso ouro e a vossa prata estão enferrujados; e a sua ferrugem dará testemunho contra vós, e devorará as vossas carnes como fogo. Entesourastes para os últimos dias. 4 Eis que o salário que fraudulentamente retivestes aos trabalhadores que ceifaram os vossos campos clama, e os clamores dos ceifeiros têm chegado aos ouvidos do Senhor dos exércitos. 5 Deliciosamente vivestes sobre a terra, e vos deleitastes; cevastes os vossos corações no dia da matança.6 Condenastes e matastes o justo; ele não vos resiste”.

"É claro que nem todo rico é um desgraçado e vai para o fogo do inferno. Mas, que o acumulo de riqueza devido a exploração dos trabalhadores de forma injusta é SIM pecado. E o que adianta viver para acumular riqueza, se não levas para tua vida após a morte?"
Com isso fiquei me perguntando: O que os ensinamentos de Jesus tem em comum com as teorias econômicas “Modernas”? Será que ainda existe essa exploração nos dias de hoje?

Figura do Livro: Marx, manual de instruções
A carta de Tiago trata de um debate importante que é a relação de exploração.  A “corrida ao lucro” é responsável pelo desastre financeiro que é a consequência de como a ganância sem freios pode criar tanta concentração de renda e desigualdades. Quando caímos na real, começamos a ver que que o sonho de ser “livre” e não pertencer a uma “casta” e de poder se tornar um Henry Ford ou Steve Jobs não passa de uma evasão em massa da verdadeira realidade. 

 O capital é compelido continuamente a aumentar seu espaço de acumulação e acelerar o ciclo de suas rotações. Transformando TUDO em mercadoria, ele devora o espaço e demoniza o tempo. O entusiasmo especulativo, alimentado por artifícios de crédito, acalenta a ilusão do dinheiro que faz dinheiro, até que, na crise e pela crise, a realidade chame a ficção à ordem.

Como essa palavra me tocou e como ela é atual. A pergunta que faço é: Nós que nos julgamos cristãos de que lado estamos? O que estamos fazendo para transformar, pelo menos, o mundo que podemos alcançar e interagir? 

Isso não é uma apologia a pobreza e nem ao conformismo, mas da sobriedade e do que é racionalmente lógico. Nós não podemos aceitar a desigualdade e o lucro exacerbado como coisas naturais. Não faço uma defesa ao fim de lucro, muito pelo contrário. O lucro faz parte de qualquer negócio. A questão é: o que fazemos com ele? É possível uma empresa ter lucro, repartir com seus colaboradores e ainda desempenhar um papel social na busca de igualdade?

Eu peço que avalie o que essa empresa Americana chamada TOM’s Shoes faz. O CEO e fundador passou por uma experiência que o transformou quando viu que várias crianças não usavam sandálias, por que não tinha dinheiro para comprar. Depois disso, ele criou uma empresa que para cada par de sapato vendido, doa um para crianças carentes. Além disso, todo o lucro gerado pela empresa é partilhado com todos os colaboradores. PASMEM! Isso é possível!
É lógico que o que move essa empresa não é a necessidade de ganhar Capital, mas o seu Propósito de contribuir para uma sociedade mais justa e sem desigualdades.

Por fim, acredito que são essas iniciativas que devem mover as empresas modernas e as relações do antigo "patrão" e "operário".

Deixo para vocês uma reflexão: Será que o ensinamento bíblico da carta de Tiago, a teoria econômica Marxista e o modelo de negócio capitalista com ingredientes comunistas  não tem nada em comum?


Conheça mais sobre a TOMS Shoes: 

http://exame.abril.com.br/revista-exame-pme/edicoes/48/noticias/bons-exemplos-nas-empresas

http://www.toms.com


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