Com o objetivo de potencializar os resultados do programa e implementar uma ação educacional efetiva e permanente na área de Educação e Eficiência Energética, o Procel Educação está revendo sua metodologia. Esse novo modelo também é necessário para ajudar a cumprir a meta estabelecida no Plano Nacional de Energia, segundo o qual o Procel deverá atingir o equivalente a 10% do consumo nacional de eletricidade em 2030 em termos de energia economizada.
"Por isso, estão sendo traçadas novas diretrizes, incluindo uma avaliação fidedigna da contribuição do trabalho para a redução do consumo de energia no país, com a finalidade principal de promover uma mudança cultural do cidadão brasileiro, no sentido do uso responsável da energia", afirmou Luciana Lopes Batista, pedagoga da Divisão de Suporte ao Planejamento da Eletrobrás/Procel. Segundo ela, a partir dessas novas diretrizes está se desenhando um projeto que é constituído por três linhas de ação, complementares e integradas: Capacitação para Professores, Atividades Complementares nas Escolas e Desenvolvimento de Projetos de Pesquisa e Avaliação de Impactos e Resultados.
"A avaliação dos resultados tem se mostrado um grande desafio a ser superado. É, reconhecidamente, difícil avaliar a relação entre atividades desenvolvidas e a incorporação e consolidação de valores, hábitos e atitudes, que se traduzem, em princípio, na redução do valor da conta de energia elétrica", comentou Luciana. O desenvolvimento de projetos de pesquisa e avaliação de impactos e resultados será apoiado pelo Centro de Educação em Eficiência Energética, que será implementado na Universidade Estadual Paulista (UNESP), no campus Guaratinguetá (SP), com inauguração prevista para 2011. "As pesquisas e materiais desenvolvidos pelo Centro, em parceria com a Eletrobrás/Procel, visam o desenvolvimento de modelos de programas educacionais para eficiência energética, delineamentos culturais, avaliação do impacto cultural a longo prazo, avaliação do aproveitamento dos alunos e da perenidade do conteúdo difundido e avaliação da economia obtida", disse.
A capacitação de docentes será realizada por meio de um curso de educação em eficiência energética, que oferecerá aos professores da Educação Básica da rede pública uma formação continuada, com certificações de atualização, aperfeiçoamento e especialização, de acordo com as demandas e articulações com as Secretarias Estaduais e Municipais de cada região do país. O curso é sustentado pelo tema transversal Meio Ambiente, evidenciado pelos Parâmetros Curriculares do Ministério da Educação (MEC). "Os conteúdos desenvolvidos no curso possibilitarão aos professores relacionar os temas Energia, Meio Ambiente e Sociedade, visando transformações mais amplas no processo educativo", explicou Luciana.
Ela disse ainda que também será oferecida como estratégia das ações educativas em Eficiência Energética a metodologia Aprendizagem em Projetos (ABP), que é uma abordagem cuja premissa é a resolução de problemas reais para que os alunos desenvolvam atitudes, habilidades e competências que concretizarão uma aprendizagem significativa e permanente. Assim, é uma proposta orientada à integração entre os processos educativos e a realidade, não só envolvendo todas as disciplinas, em um enfoque interdisciplinar, mas englobando também a comunidade em torno da escola, buscando uma efetiva aprendizagem e uma mudança de comportamento em relação ao desperdício de energia. "Espera-se que a capacitação de docentes de todas as disciplinas e séries da Educação Básica incentive-os a implantar projetos de eficiência energética, possibilitando que o tema seja visto de forma permanente pelo aluno, ao longo de sua vida escolar, pois a compreensão dos problemas que envolvem as questões ambientais ocorre de modo crescente e contínuo, não se justificando a sua interrupção", comentou Luciana.
lém disso, segundo a pedagoga, serão realizadas atividades complementares que levam em consideração a escola como parte do ambiente, ou seja, são atividades integradas ao currículo, fazendo parte de um projeto educativo, executado com a participação de professores e alunos. "Esse projeto inclui um retrofit nas escolas, execução de projetos de eficiência energética pelos alunos, com análise de consumo das residências e substituição de lâmpadas incandescentes por fluorescentes e, ainda, a participação em feiras de ciências e premiações", contou.
Para o Ensino Técnico, está sendo articulada, com instituições de ensino, a inclusão do tema Eficiência Energética nos currículos. "Foi firmado um convênio com o Cefet/BA, visando a expansão para outras unidades, para a inserção do tema conservação de energia nas disciplinas existentes nesse nível de ensino, além de capacitações laboratoriais", contou.
No ensino Superior, a disciplina "Conservação e Uso Eficiente de Energia" foi introduzida em algumas das principais instituições, nos cursos de Engenharia Elétrica, Mecânica, de Produção, dentre outros. A Universidade de São Paulo (USP), de acordo com Luciana, foi pioneira na oferta da disciplina e, atualmente, a disciplina está incorporada ao currículo de 12 universidades públicas, sendo que cada uma oferece 40 vagas por ano.
Já na Pós-Graduação, de acordo com Luciana, estão sendo buscadas parcerias com as principais agências de fomento à pesquisa científica e tecnológica do país, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará (Fapespa) e Confederação Nacional da Indústria (CNI), para o financiamento de pesquisas para eficiência energética.
Além do ensino formal, foram desenvolvidas também ações com a sociedade em geral: foram promovidas jornadas de sensibilização para associações, comunidade industrial e comercial, formando multiplicadores e gestores em combate ao desperdício de energia.
O Procel Educação já beneficiou, entre 1995 e 2007, cerca de 22.614 escolas, 166.100 professores e 20.285.532 alunos dos níveis fundamental e médio de ensino, com investimentos que chegaram, entre 2004 e 2008, a cerca de R$ 6,2 milhões.
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